
"O banco é grande porque nossa luta é maior ainda e a rede fortalecida, como vemos aqui, nos permite acreditar que um dia chegaremos à taxa zero, objetivo de todos(as)”, disse a presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe, ao fazer a entrega do Banco Vermelho nesta quinta-feira (24/10), no município de Taguatinga, na Praça da Igreja da Matriz.
A instalação deste banco aqui em Taguatinga foi providencial, entre a Nossa Senhora da Abadia e a Igreja Matriz; que cada um que nele sentar, reze pelas mulheres que perderam suas vidas e reflitam para fortalecermos ainda mais a rede de combate à violência contra a mulher para que nenhuma mulher perca a vida para o feminicídio, finalizou a presidente, ao destacar a localização do banco.
Uma iniciativa do Instituto Banco Vermelho (IBV), a ação prevê a instalação de um banco vermelho gigante - de 4 metros de comprimento por 1.80 de altura - por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid). O objetivo é sensibilizar a população sobre a importância do enfrentamento à violência contra a mulher e do combate ao feminicídio. A ideia nasceu da experiência pessoal de duas mulheres de Recife (PE), a publicitária e ativista Andrea Rodrigues e a executiva de marketing Paula Limongi, que perderam amigas, assassinadas por seus companheiros.
A juíza coordenadora da Cevid, Cirlene Maria de Assis, destacou os alarmantes dados de violência no estado do Tocantins, que registraram um aumento de 40% em 2024 em comparação com 2023. Ela reforçou o objetivo da instalação do Banco Vermelho: “Despertar essa consciência na sociedade, que precisa estar conosco, tanto a população quanto as autoridades, para que a gente possa combater esse tipo de comportamento”, disse.
“Fico feliz em ver aqui todas as forças policiais trabalhando com a equipe municipal, todos juntos de mãos dadas, fortalecendo a rede de combate à violência contra a mulher. Analisei os dados e vi que aqui em Taguatinga temos um caso de tentativa de feminicídio a facadas. Imaginem essa cena dentro de uma família em que as crianças presenciaram o pai esfaqueando a mãe. Geralmente esses crimes acontecem porque aquele pai não respeita a mulher e tem a cultura de que a mulher é um objeto, que deve ser submissa a ele, deve ser inferior a ele. Por isso acontecem esses crimes, essas barbaridades. Precisamos mudar essa realidade”, finalizou a magistrada.
A instalação aconteceu através do Termo de Cooperação n⁰ 21/2024, firmado entre o Poder Judiciário do Tocantins e a Prefeitura Municipal de Taguatinga. O município conta com a atuação da Rede de Enfrentamento da saúde municipal, assistência social municipal, conselhos tutelares, forças de segurança, conselhos municipais e outras instituições no combate às violências, sejam elas de origem física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial.
“Esse banco é um grande marco para a nossa cidade, para a defesa da causa da mulher, combate à violência contra a mulher, contra o feminicídio. E aqui em Taguatinga trabalhamos e continuaremos a trabalhar em rede”, destacou a primeira-dama e secretária municipal de Assistência Social, Zelia Ribeiro, na ocasião representando o prefeito de Taguatinga, Paulo Roberto Ribeiro.
Ecos da Rede
“O machismo mata e nós mulheres queremos viver, então parem de nos matar! Acho que o banco significa isso, o enfrentamento de todas as mulheres contra essa luta. Precisamos entender que o feminicídio não é um ato isolado, e a Defensoria é importante nesse papel de educação em direitos, sobre os atos do que são todas as formas de violência e que o feminicídio é o ápice, é o último ponto. Então a luta contra a violência começa nos pequenos detalhes,no dia a dia, quando a gente acha um comportamento normal, combatendo pequenos atos violentos do dia a dia para não deixar chegar ao ponto de um homem, de alguma forma, entender que tem esse sentimento de domínio e de posse sobre os corpos femininos”.
Ludne Nabila de Oliveira Barroso, defensora pública de Taguatinga
“Esse gesto é de suma importância para conscientizar a população, pois tudo que vem ao debate, à reflexão, tem o seu devido valor. Infelizmente, nessa época em que a humanidade se encontra, acontece isso que nós temos vivenciado, que é a barbárie, a violência, o preconceito contra a humanidade. Como juiz da vara criminal quero dizer a todos que estamos engajados neste gesto de grande relevância social que é o combate à violência contra a mulher”.
Vandré Marques e Silva, juiz criminal e diretor da Comarca de Taguatinga
“Essa rede de cooperação direciona a busca da defesa da mulher. Esperamos que a sociedade se envolva, já que esta medida é um um passo importante na luta e um exemplo de que todos juntos podem fazer a diferença. O Banco Vermelho, ao mesmo tempo que nos lembra o passado, ou seja, é um memorial em homenagem às mulheres mortas, também nos convida a construir um futuro melhor, mais justo, mais seguro para todos(as) nós”.
Jean Fernandes Barbosa de Castro, juiz da comarca de Taguatinga
“Eu quero levar a reflexão a todos que o Banco Vermelho, além de estar representado agora visualmente, que nós possamos trazê-lo em nossos corações, para que sintamos o fervor da importância que é proteger as nossas mulheres. Atualmente, o feminicídio deixou de ser um agravante do homicídio e passou a ser um crime autônomo. Isso é importante para nós, operadores da lei, para que possamos não apenas punir com mais vigor, mas atuar na prevenção”.
Major Wallas, Polícia Militar
“Todas as grandes tragédias da humanidade foram marcadas posteriormente por algum monumento que fizesse aquela lembrança permanecer viva na mente de toda a população. Foi assim com o Holocausto, com o Muro de Berlim, com tragédias ambientais também. Enfim, com a luta contra a violência contra a mulher não poderia ser diferente, é o mal de mesma gravidade do que todas essas grandes tragédias humanitárias. Então, que o Banco Vermelho instalado aqui hoje sirva para manter toda a população com a mente atenta, e cada dia mais vigilante para que a violência contra a mulher seja combatida por todos nós, polícia, Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e, principalmente, pela sociedade, pois esta é um instrumento de maior importância para a efetivação da segurança pública”.
Lucas Rodrigues, delegado da Polícia Civil