Audiência pública em Araguaína encerra etapa de escuta para construção do Plano Estadual Pena Justa no Tocantins

Divulgação Imagem de uma tribuna com quatro autpridades sentadas, ao centro, de terno escuro, camisa branca e gravata vermelha, o juiz Eustáquio fala ao microfone; ao fundo um banner da audiência pública Pena Justa

Superlotação, estrutura das unidades prisionais, reinserção social, assistência aos egressos e alternativas penais foram alguns dos temas centrais discutidos na última edição da audiência pública para a construção do Plano Estadual Pena Justa, realizada na sexta-feira (30/5), em Araguaína.

O evento, promovido pelo Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF), reuniu representantes do Judiciário, do Executivo, do Legislativo, da sociedade civil, familiares de custodiados, profissionais do sistema prisional, conselhos e associações, reforçando a importância da participação social na elaboração do plano.

As audiências públicas, também realizadas em Palmas e Gurupi, são etapas fundamentais para garantir escuta qualificada da população na construção do plano, que tem validade de três anos e caráter judicial, com cumprimento monitorado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo TJTO.

Imagem mostra duas autoridades sentadas, à esquerda, observando um representate da sociedade falando ao microfone, à direita

Em sua fala, o juiz José Eustáquio de Melo, coordenador do GMF/TJTO, destacou a relevância da participação popular e da responsabilidade compartilhada entre os poderes e a sociedade: “Temos um desafio, visto que o programa estabelece metas a serem alcançadas pelo Poder Público até 2027”, ressaltou, citando a qualidade das vagas, da ambiência dos serviços para a estrutura profissional, o processo de saída da prisão e da reintegração social.

Realidade desafiadora

O cenário apresentado durante as audiências revela desafios urgentes. Em Colinas, uma unidade projetada para 24 presos abriga 130 internos, sendo mais de 80% presos provisórios há mais de dois anos. Em Araguaína, a unidade da Barra da Grota, com capacidade para 500 detentos, opera com 570, em média 70 por cela. A carência de efetivo é outro ponto crítico: apenas cinco policiais penais para cerca de 40 internos por plantão.

Apesar de contratos vultosos com gestoras terceirizadas – como o da unidade de Araguaína, orçado em R$ 86 milhões –, há relatos de falta de insumos básicos como toner de impressora, prejudicando até a entrega de correspondências a internos. A obra do Escritório Social da cidade, iniciada em 2022, está parada há quase três anos.

Entre as soluções discutidas estão a higienização das celas, a ampliação do acesso à educação e religião, melhoria nos atendimentos de saúde, ligações telefônicas, assistência social e cursos profissionalizantes.

A história de um egresso que hoje lidera uma oficina de funilaria em Araguaína serviu como exemplo do impacto positivo da profissionalização. Também foi defendida a necessidade de investimento em saúde mental dos servidores, com a contratação de psicólogos.

Próximos passos

O Plano Estadual Pena Justa deverá ser entregue até 10 de agosto de 2025. O documento conterá metas estruturadas em quatro eixos: controle de entrada e vagas, qualidade dos serviços, processo de saída e reintegração social, e políticas de não-repetição de violações. Os estados deverão acompanhar 196 indicadores obrigatórios.

Até 2 de junho segue aberta a consulta pública no site do TJTO para recebimento de sugestões. As contribuições serão consideradas na versão final do plano.

A construção do plano conta com a articulação entre Tribunal de Justiça, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Defensoria Pública, sociedade civil organizada e diversos órgãos e entidades ligados ao sistema penal.


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