Racismo Estrutural: juíza Renata do Nascimento apresenta tema em palestra para estudantes de Paraíso

Rondinelli Ribeiro de pé, mulher negra fala ao microfone para plateia sentada

Embora datado no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra propõe inúmeras reflexões sobre o combate ao racismo estrutural, extensivas a todos os outros 364 dias do ano. E para refletir sobre essa temática, ainda tão nociva à sociedade, a juíza Renata do Nascimento e Silva foi recebida, na noite da última terça-feira (28/11), por alunas e alunos do ensino médio no Centro Educacional José Alves de Assis, em Paraíso do Tocantins.

Comunidade Escolar

A palestra aconteceu na quadra poliesportiva da escola que, horas antes do início da atividade, contou com a colaboração de estudantes e funcionários na organização do espaço. Uma verdadeira tradução do engajamento de uma comunidade escolar.

As alunas Aghata Ribeiro e a Ávila Leal estão no 3º ano e terminaram mais cedo a educação física para ajudar na distribuição das 50 cadeiras destinadas aos colegas. Enquanto isso, a Dona Deusuína, que é auxiliar de serviços gerais e mora ao lado da escola, fez questão de ir em casa buscar uma toalha de mesa e um arranjo de flores para ornamentar o dispositivo de honra, que recebeu não apenas a magistrada, mas também integrantes da equipe multifuncional do colégio, que oferece aos estudantes apoio docente, psicológico e assistência social.

Foto: Rondinelli Ribeiro

Desestruturar

No bate papo, a juíza titular da Vara Criminal e diretora do Fórum da Comarca de Paraíso, apresentou o contexto histórico das condições insalubres enfrentadas por pessoas escravizadas no continente africano e trazidas ao Brasil, desde a travessia nos navios negreiros à chegada no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, além da tortura física e condições subumanas de sobrevivência.

Com os estudantes, a magistrada ainda refletiu sobre a forma como o racismo foi se estruturando ao longo do tempo, com pensamentos, atitudes e posturas veladas. Da invisibilidade e resistência de negras e negros na sociedade, e dos caminhos percorridos por essas pessoas até os bancos das escolas e universidades, o mercado de trabalho e os espaços de poder.

"Se eu pedir a vocês que fechem os olhos e imaginem um médico, um empresário, um advogado ou até mesmo um juiz. Vocês visualizam esses profissionais como pessoas pretas ou brancas?", perguntou a magistrada.

Foto: Rondinelli Ribeiro

Glossário Antirracista

Em 2023 o Poder Judiciário do Tocantins (PJTO), lançou um Glossário da Diversidade, Inclusão e de Linguagem Antirracista. E uma das maneiras de combater o racismo estrutural, explicou a magistrada, é retirar do nosso vocabulário, expressões ditas sem o verdadeiro conhecimento do significado. "São pequenos detalhes que, se não passarem despercebidos, fazem a diferença. Por exemplo, a expressão 'criado mudo', pode ser substituída por mesa de cabeceira. Já a palavra denegrir, podemos trocar por difamar", explicou.

Nátila Poliana é diretora do Centro Educacional José Alves de Assis e, segundo ela, ainda que os professores se empenhem durante todo o ano na discussão de temas sociais, a escola também conta com o apoio de lideranças e instituições que fomentam essas discussões. "O racismo está muito mais próximo do que a gente imagina. Dentro de casa, no trabalho, porque muitos desses jovens que estudam à noite, trabalham durante o dia. Também está dentro de nós, nas brincadeiras, no tratar o colega. Então contamos com todo apoio possível, como as reflexões que essa palestra propôs", comentou.

 

Empoderar

No final do evento as alunas Aghata e Ávila, celebraram a contribuição na organização do espaço, reconhecendo que a conscientização sobre o racismo estrutural empodera pessoas e pode garantir uma sociedade igualitária para as próximas gerações.

"Quando era mais nova, entrei em uma loja e colocaram um funcionário para me acompanhar, não para me ajudar. Na época eu fiquei triste, sem ação. Mas hoje, assistindo e aprendendo com essa conversa, vejo como foi constrangedor e me sinto empoderada para buscar ajuda e impedir que isso também aconteça com meus irmãos mais novos", contou a estudante Ávila Leal, de 18 anos.

Foto: Rondinelli Ribeiro

Clique aqui para acessar e baixar o Glossário da Diversidade, Inclusão e de Linguagem Antirracista!


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