
Natural de Macapá (AP), é no Tocantins que a diretora do Foro da Comarca de Araguaçu, Keyla Suely Silva da Silva, se considera realizada na vida pessoal e profissional atuando no Poder Judiciário do Tocantins. Ela tomou posse em dezembro de 2009 e, atualmente, como diretora do Foro, é responsável pelas serventias Cível e Criminal da mesma Comarca e ainda pelos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscs) de Araguaçu e Figueirópolis.
Foi aqui, neste estado tão acolhedor, que realizei meus sonhos: da minha vocação que sempre foi a magistratura, e de constituir família. Aqui casei com meu esposo que veio comigo, tive meus filhos e até trouxe minha mãe e minha irmã.
Determinada, após sua formatura em Direito pelo Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP), a juíza estabeleceu como meta só parar de estudar para concurso público quando realizasse seu sonho, a magistratura.
A juíza Keyla Suely é destaque do mês de Agosto no calendário institucional 2024. O produto, juntamente com a agenda, faz parte do kit comemorativo dos 35 Anos do TJTO e traz uma série especial com homenagens a pessoas que contribuíram para a construção da história da Casa de Justiça. As 11 histórias estão publicadas no site do TJTO e o acesso pode ser feito pelo QR Code disponível em cada mês do calendário.
Por caminhos difíceis até concretizar suas aspirações
Antes de se estabilizar e ter os filhos Matheus Henrique, 13 anos, e Jorge Afonso Filho, 9 anos, a juíza Keyla seguiu a vida profissional e passou por outras carreiras jurídicas, sempre conciliando com os estudos para o concurso de juíza. Foi funcionária do Poder Judiciário do Estado do Amapá, onde atuou na Comarca de Ferreira Gomes; atuou como delegada da Polícia Civil do Amapá; e, por fim, veio a aprovação no Ministério Público do Estado do Pará.
“Eu estava satisfeita com a minha função, mas tudo era muito difícil, ter e criar filhos seria muito difícil. Tanto que quando fui chamada aqui para a vaga de juíza no Tocantins, perguntei se tinha que andar de barco para alguma comarca ou se era tudo de carro. Me tranquilizaram e eu segui na minha vocação. Lá a gente não saía da comarca, só quando precisava resolver alguma coisa, uma consulta. Para ir pra capital, Belém, eram dois dias de barco. Mas se eu quisesse ir pra Macapá, capital do Amapá, era até mais próximo, ‘só vinte e quatro horas’. A gente pegava o barco no Rio Xingu e depois entrava no Rio Amazonas. Quando cheguei aqui no Tocantins pensei: aqui é um local que realmente todo mundo sonha em morar e cuidar dos filhos e assim como muitos, eu o fiz”.
Jornada da mulher juíza é marcada por desafios
Numa tarde de janeiro de 2012, mais precisamente às 15 horas, a magistrada estava no Fórum de Palmas onde atuava como juíza substituta trabalhando normalmente quando olhou o relógio e viu que tinha que sair do trabalho às pressas para honrar outro compromisso, ir para o seu casamento!
E foi ali, com o arranjo de flor retirado do vaso que decorava a mesa do Cartório de Registro Civil de Palmas numa mão e a aliança na outra, que a magistrada selou seu matrimônio com o esposo Jorge Afonso.
Para nós, mulheres, os desafios são diferentes aos de um juiz homem. Temos que conciliar o trabalho, o cuidado com a casa, com os filhos, estar na companhia do esposo. São desafios que a gente tem que superar todos os dias, porque temos que cuidar da família e, ao mesmo tempo, buscar fazer um trabalho com qualidade, com seriedade, o que nos torna pessoas lutadoras mesmo.
Este é o retrato da juíza Keyla, uma mulher, mãe, profissional, sempre dedicada ao trabalho, à prestação jurisdicional, em servir ao cidadão e à cidadã. É na balança da vida que Keyla busca o equilíbrio de seus diversos papeis ao longo do dia. E, é nos prazeres diários que desacelera, seja fazendo uma caminhada, ou ouvindo uma boa música sertaneja ao lado da família.
São 14 anos de contribuição ao Poder Judiciário dos quais se somam ainda as passagens pelas comarcas de Palmas, Axixá, Almas, Figueirópolis e Araguaçu, esta última onde atua nos dias de hoje.
“Eu tive a sorte de atuar com pessoas comprometidas em cada comarca que passei e Araguaçu não é diferente, é uma Comarca muito boa de trabalhar e a forma de gestão que a gente desenvolve é participativa. Quando chego ao local, antes de decidir alguma questão de trabalho, eu escuto primeiro as pessoas, não faço nada sozinha. Gosto de deixar todos à vontade e tudo passa a fluir de forma tranquila, sem pressão e o resultado sai de uma forma melhor”.
Segundo ela, é preciso dar sempre o melhor no exercício da magistratura. “Sempre falo que quando um cidadão está doente, ele busca o melhor médico, mas na Justiça ele não pode escolher o juiz, então é nosso dever dar nosso melhor para o cidadão. Como sempre estou com uma boa equipe, o trabalho funciona e isso me deixa muito feliz!”
A importância da equidade e igualdade de gênero
“Sempre destaco a atual mesa do Pleno aqui do Tribunal composta por grandes mulheres, como a desembargadora Etevina Maria Sampaio Felipe, a presidente; a desembargadora Ângela Prudente, a vice-presidente; desembargadora Maysa Vendramini, corregedora-geral; desembargadora Jaqueline Adorno, vice-corregedora; e desembargadora Angela Haonat, diretora adjunta da Esmat. Falo que elas significam a atuação competente das mulheres em vários setores de conhecimento. A gente sabe que não é fácil, mas somos capazes!”
A magistrada, que acompanhou diversas gestões desde sua posse, destaca o desenvolvimento percebido em cada gestão.
“Os avanços que eu acompanhei desde que tomei posse são visíveis. Na área de tecnologia, de pessoal, de construção, na área de qualificação dos servidores e magistrados, de ações voltadas à sustentabilidade, ao esporte, ao bem-estar. Por isso, quero parabenizar as pessoas que compõem o Tribunal de Justiça, o Poder Judiciário, por esse cuidado com a pessoa, com o cidadão, de buscar prestar um trabalho, uma prestação jurisdicional com qualidade para entregar essa prestação ao cidadão e tratar esse cidadão como ele quer ser recebido, como ele merece”.